Bem vindos ao blog dedicado ao projecto teatral "IGNARA", produzido pelo teatromosca...
IGNARA é um ciclo de quatro espectáculos - três «leituras preparatórias» e um «espectáculo final» - que o teatromosca produzirá, no triénio 2007/8/9, subordinados ao tema «Guerra Colonial».
O projecto constitui-se, formalmente, como um fórum de encontro de diversos parceiros, comprometidos com a pesquisa, análise, discussão, criação e apresentação de conteúdos artísticos afins ao tema aduzido.
Colhendo de Piscator ou Brecht alguns dos princípios que enformaram o chamado teatro-documento (ideologias político-partidárias à parte), pretende, o teatromosca, com IGNARA, relançar, na opinião pública, o debate em torno deste tema seminal que tão pouca atenção vem merecendo da comunidade artística nacional.
O projecto constitui-se, formalmente, como um fórum de encontro de diversos parceiros, comprometidos com a pesquisa, análise, discussão, criação e apresentação de conteúdos artísticos afins ao tema aduzido.
Colhendo de Piscator ou Brecht alguns dos princípios que enformaram o chamado teatro-documento (ideologias político-partidárias à parte), pretende, o teatromosca, com IGNARA, relançar, na opinião pública, o debate em torno deste tema seminal que tão pouca atenção vem merecendo da comunidade artística nacional.
Ponto de partida
Há uma geração inteira de ignorantes da Guerra Colonial.
Filhos de ex-combatentes que, sobre o assunto, sabem, apenas, os fragmentos descosidos que os pais resgatam (quando resgatam), do côncavo doído da memória. Toponímias impronunciáveis, apelidos de camaradas de armas, clímaxes sangrentos, aerogramas, álbuns de retratos.
Enquanto «é cedo» (Herodes) ou «é já tarde» (Pilatos) para que o País se reconcilie com um dos mais importantes e decisivos processos da história contemporânea portuguesa, o tema é, ainda, tabu de programas escolares que chutam a guerra colonial para as últimas páginas dos compêndios (…).
A América, mais «publicitária», exorciza o Vietname e seu chorrilho de heróis e anti-heróis, assassinos e vítimas, culpados e inocentes. Mal ou bem, o cinema, a literatura, os media revelam aos americanos a sua fealdade real. Transmuta o horror da guerra no ouro alquímico do auto-conhecimento, resgata os seus fantasmas.
Nós? Também tivemos a nossa conta de massacres (por exemplo, o de Wyriamu), de bombas de napalm (por exemplo, sobre o Norte de Angola), de deficientes (15 mil mutilados com deficiência permanente). No espaço de 13 anos, de 61 a 74, oitocentos mil homens, rumaram a Angola, Guiné e Moçambique para defender as «colónias», «províncias ultramarinas» ou «estados» (como lhes chamou, sucessivamente, Salazar e Caetano) das mãos dos independentistas. Resultado: oito mil e quinhentos mortos. Relativamente ao outro lado do conflito, essas contas, simplesmente não estão feitas.
Nós, 33 anos depois da Revolução de Abril - que determinaria o fim da veleidade imperial do Estado Novo, abrindo portas à descolonização -, permanecemos analfabetos para o tema, com o trabalho de casa por fazer (…).
Há uma geração inteira de ignorantes da Guerra Colonial.
Filhos de ex-combatentes que, sobre o assunto, sabem, apenas, os fragmentos descosidos que os pais resgatam (quando resgatam), do côncavo doído da memória. Toponímias impronunciáveis, apelidos de camaradas de armas, clímaxes sangrentos, aerogramas, álbuns de retratos.
Enquanto «é cedo» (Herodes) ou «é já tarde» (Pilatos) para que o País se reconcilie com um dos mais importantes e decisivos processos da história contemporânea portuguesa, o tema é, ainda, tabu de programas escolares que chutam a guerra colonial para as últimas páginas dos compêndios (…).
A América, mais «publicitária», exorciza o Vietname e seu chorrilho de heróis e anti-heróis, assassinos e vítimas, culpados e inocentes. Mal ou bem, o cinema, a literatura, os media revelam aos americanos a sua fealdade real. Transmuta o horror da guerra no ouro alquímico do auto-conhecimento, resgata os seus fantasmas.
Nós? Também tivemos a nossa conta de massacres (por exemplo, o de Wyriamu), de bombas de napalm (por exemplo, sobre o Norte de Angola), de deficientes (15 mil mutilados com deficiência permanente). No espaço de 13 anos, de 61 a 74, oitocentos mil homens, rumaram a Angola, Guiné e Moçambique para defender as «colónias», «províncias ultramarinas» ou «estados» (como lhes chamou, sucessivamente, Salazar e Caetano) das mãos dos independentistas. Resultado: oito mil e quinhentos mortos. Relativamente ao outro lado do conflito, essas contas, simplesmente não estão feitas.
Nós, 33 anos depois da Revolução de Abril - que determinaria o fim da veleidade imperial do Estado Novo, abrindo portas à descolonização -, permanecemos analfabetos para o tema, com o trabalho de casa por fazer (…).
IGNARA por fases
IGNARA#1 Fazer o trabalho de casa (disponível a partir de Abril de 2008)
Direcção Filipe Araújo, Susana Gaspar e Paulo Campos dos Reis
IGNARA#1 Fazer o trabalho de casa (disponível a partir de Abril de 2008)
Direcção Filipe Araújo, Susana Gaspar e Paulo Campos dos Reis
IGNARA#2 O LADO AFRICAno (disponível a partir de Setembro de 2008)
Direcção Filipe Araújo, Susana Gaspar e Paulo Campos dos Reis
IGNARA#3 Conclusão (disponível a partir de Dezembro de 2008)
Direcção Filipe Araújo, Susana Gaspar e Paulo Campos dos Reis
O espectáculo final, "IGNARA" (título provisório), tem estreia agendada para Setembro de 2009...
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