quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Debate "A Arte da Guerra", pelo teatromosca 25 de Setembro

Complementando a programação da companhia, o Departamento de Pedagogia e Animação (DPA) do teatromosca organiza um ciclo de debates na Casa da Cultura de Mira Sintra, no decorrer do ano de 2010. Depois do sucesso duas primeiras sessões, com o tema "Arte e Educação" em Março e "Teatro e Comunidade" em Maio, o DPA organiza agora o debate "A Arte da Guerra", no dia 25 de Setembro, a partir das 16h.

Este ciclo de debates procura estabelecer-se como fórum aberto a toda a comunidade que promova a troca e discussão de ideias sobre o papel das artes na sociedade do século XXI, fazendo uma reflexão sobre o comportamento criativo face às condições impostas pela nova paisagem expressiva contemporânea.

Este novo debate, com o tema "A Arte da Guerra", toma emprestado o título da obra de Sun Tzu. É também deste estratega a seguinte frase: "Evitar guerras é muito mais gratificante do que vencer mil batalhas". Pretendemos assim examinar as intersecções da Arte com a Guerra, da antiguidade até aos nossos tempos, da propaganda à expressão artística pessoal, tentando, de alguma forma, compreender o que é que a Guerra tem que tanto nos confunde e fascina. O que é que a Arte nos revela sobre a Guerra? De que forma o olhar do artista é diferente ou similar ao olhar do historiador militar, do sociólogo e filósofo? De que modo o artista testemunha, observa e documenta a Guerra - todas as guerras ou uma em particular? E quais as suas responsabilidades, em tempo de guerra ou paz, enquanto criador, cidadão, soldado, observador, participante, crítico, activista, pacifista? As ligações que podem ser estabelecidas entre horror e heroísmo na construção do mito de guerra; a "sedução" da violência na sociedade; objectividade/ subjectividade; propaganda e censura; a Guerra enquanto entretenimento - de Homero até à Guerra do Iraque; o papel dos artistas na educação - pensar criticamente sobre a Guerra. Estes serão algumas das questões a abordar no debate que terá lugar na Casa da Cultura de Mira Sintra, no dia 25 de Setembro, a partir das 16h, com ENTRADA LIVRE. Participarão no debate o jornalista e escritor Fernando Sousa, o encenador Mário Trigo, a jornalista e cineasta Diana Andringa e a artista plástica Ana Vidigal.

No final do debate, às 20h, será servido um pequeno bufê, gratuito, e às 21h será apresentada uma leitura encenada de textos de Manuel Bastos e Fernando Sousa, dedicados à Guerra Colonial.
Apareçam e divulguem!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Descolonização Portuguesa » Nova Tese

«Descolonização portuguesa teve conivência dos EUA»

Investigador defende que norte-americanos pretendiam travar a expansão soviética

O investigador José Filipe Pinto defendeu esta quarta-feira que a descolonização portuguesa, tardia, teve a conivência dos Estados Unidos, que pretendiam travar a expansão soviética, argumentando que Portugal nunca esteve «orgulhosamente só», escreve a Lusa.
Esta é a tese defendida pelo professor da Universidade Lusófona no seu livro «O Ultramar Secreto e Confidencial» apresentado, esta quarta-feira, em Lisboa.
«Portugal nunca esteve orgulhosamente só, esteve sempre bem acompanhado. Se não fosse isso, o nosso império não teria ido até 1974. Poderia ter ido até mais cedo, ao início dos anos 1960, era quando deveria ter acabado, e deveríamos ter procedido àquilo que não fizemos: uma descolonização», defendeu o investigador.
Para o especialista, a descolonização portuguesa, que aconteceu em plena Guerra Fria, teve a conivência dos Estados Unidos, que pretendiam assim travar a expansão soviética.
«Havia duas superpotências e era necessário saber para que lado é que a África austral iria cair. Os Estados Unidos conseguiram sempre levar a água ao seu moinho. Tentaram convencer Salazar a alterar a política na fase final, a partir dos anos 60. Até aí, houve uma conivência da comunidade internacional com a manutenção», sustentou.
Uma posição que o presidente do conselho viu com maus olhos: «Vê nisso alguma infantilidade, alguma impreparação, acusa os Estados Unidos de não saber trabalhar com África», referiu.
A saída das colónias suscita muitas dúvidas a José Filipe Pinto, para quem «o império ruiu sem haver uma real descolonização».
«Para haver uma descolonização, é preciso cinco fases. Portugal em muitos casos limitou-se à transição do poder. Ainda hoje tenho muitas dúvidas que a independência, da forma como foi conseguida, tenha sido a melhor solução», disse.
Na apresentação do livro, o antigo ministro do Ultramar Adriano Moreira confirma esta tese: ao longo da sua história, «Portugal precisou sempre do apoio externo».
O antigo governante salientou a importância de investigações como esta, baseada em documentos que se encontram na Torre do Tombo, em particular telegramas trocados entre Oliveira Salazar, os ministros das colónias da ditadura e os governadores do império.
Perante uma plateia onde se encontravam vários estudantes, Adriano Moreira sublinhou que «na circunstância que estamos a viver, que é péssima, a nova geração tem todo o direito de conhecer os factos».
«Se não tiverem o conhecimento exacto dos factos, eles vão desenhar com risco de grande erro, o futuro que devem construir. Não nos devemos afligir com os erros do passado, precisamos é de sabê-los», disse.
Para Adriano Moreira, «nenhum povo pode receber a sua história a benefício de inventário, tem de herdar a história com o positivo e o negativo». 

fonte: tvi24