quarta-feira, 19 de março de 2008

Fotografias (1)





© Manuel Bastos

Colaborador do FÓRUM#IGNARA. Autor do blogue Cacimbo.
Os nossos agradecimentos por toda a sua disponibilidade.

Vídeos da Guerra (1)



© Jorge Félix

Os nossos agradecimentos ao mais recente colaborador do FÓRUM#IGNARA.

Correio da Manhã | «A Minha Guerra»

A revista Domingo, revista do Correio da Manhã, tem dedicado em cada edição, duas páginas, ao tema da Guerra Colonial. Intitula-se «A Minha Guerra», e consiste em testemunhos de ex-combatentes enviados por carta para a revista.

Testemunho do último Domingo: Sorte ter tido Spínola como comandante, por João Anselmo.

«Os leitores do Correio da Manhã podem agora contar-nos as suas histórias de guerra – em Angola, em Moçambique ou na Guiné. Queremos ouvi-las. O CM publica as melhores. Contacte-nos por telefone (213185200), mail (historiasdaguerra@correiomanha.pt) ou carta (Avenida João Crisóstomo, n.º 72, 1069-043 Lisboa)

quarta-feira, 12 de março de 2008

#1 Poema

Confesso, tive coragem e poupei
Quem me coube um dia por inimigo.
Quando perdi a coragem, matei
Quem só partilhava o medo comigo.

Amor, quando aos teus os meus olhos escondo
E o cacimbo de África que os turvou,
Ao apelo da mata eterna respondo
Ou talvez ao que de mim lá ficou.

Meu amor, a lucidez é que enlouquece,
Tal como a luz cega e o som ensurdece.
Ouves a voz dos caídos que diz

Que inocentes só os que a morte redime?
Vêm reclamar vingança pelo meu crime
Despudorado de querer ser feliz.

Manuel Bastos
(Colaborador do FORUM#IGNARA)
Autor do blogue: http://cacimbo.blogspot.com

sábado, 8 de março de 2008

Mensagem de um participante

Um participante, deixou-nos a seguinte mensagem:

septuagenário disse...

Muito do stress pós-traumático, não será também provocado e acirrado por se querer pôr vinagre em feridas, que deviam levar tratamento mais consentâneo?

E muitas vezes ouvindo e escrevendo histórias apenas com meias verdades/mentiras, tipo discussão de mesa de café?

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Esta é uma opinião que é partilhada por muitos dos estudos, artigos, que lemos sobre o tema. E também nós gostaríamos de reflectir mais profundamente sobre essa questão. Por essa razão, aqui publicamos a sua mensagem, com o intuito de promover uma discussão mais alargada. Para isso, disponibilizámos também alguns materiais que podem ser lidos nas mensagens anteriores.

Muitos optam ou optaram por esconder os seus traumas, ou por omitir parte destes. Os estudos científicos revelam que essa não é a melhor forma de curar o que se passou a chamar desordem de stress pós-traumático.

Stress Pós-Traumático II

«Este artigo parte de uma experiência de terreno num contexto psicoterapêutico (Serviço
de Psicoterapia Comportamental, Hospital Júlio de Matos, Lisboa) no qual um conjunto de
ex-combatentes das guerras coloniais portuguesas diagnosticados com a desordem de stress
pós-traumático redescreve as suas experiências de guerra e, neste processo, atribui sentidos e inteligibilidade ao seu percurso de vida.»

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Artigo de Opinião no Diário de Notícias:

A Contabilidade sem fim das vítimas de uma guerra, por Mário Betterncourt Resendes.

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Jornadas Médicas da A.P.V.G:

Cento e cinquenta mil sofrem de stress pós-traumático de guerra (Ficheiro em .pdf)

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E um Livro: STRESSE PÓS-TRAUMÁTICO – MODELOS, ABORDAGENS & PRÁTICAS (Ficheiro em .pdf)
Disponibilizado através do sítio da ADFA.


Stress Pós-traumático I

Gostaríamos de destacar, mais uma vez, o sítio Guerra Colonial - Moçambique, mais especificamente, os conteúdos sobre o Distúrbio Pós-traumático do Stress de Guerra:
http://ultramar.terraweb.biz/Noticia_Traumas%20de%20Guerra.htm

Em resumo:
Notícias Magazine - 15 de Julho de 2007 - apontam para 300.000 «os homens em situação de risco».

Diário Digital - Julho 2007 - apontam para 7.000, com base nos dados da associação APOIAR.

Jornal Apoiar - Jul/Ago 2006 - Contextualização

domingo, 2 de março de 2008

Notícia no Correio da Manhã

Os episódios de violência doméstica a que assistiu nos últimos anos fizeram-no entrar numa espiral de loucura. Na manhã de ontem cumpriu a ameaça contra o pai – ex-combatente que veio da Guiné com stress pós-traumático – ouvida dezenas de vezes por um casal amigo. Neotelo, 38 anos, assassinou os pais, Alice e Domingos Rafael – ele com 65 anos e ela pouco mais nova – com um martelo, e degolou-se.

Pode ler o resto da notícia AQUI

PRIMEIRAS APRESENTAÇÕES

As primeiras apresentações do processo teatral para IGNARA#GUERRA COLONIAL...


IGNARA#Fazer o Trabalho de Casa
13 Abril 22h Núcleo de Sintra da Delegação de Lisboa da Associação de Deficientes das Forças Armadas (Massamá - Sintra)

21 Abril às 18h Sala 2.13 da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Lisboa)

28 Abril às 18.30h Auditório II da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (Lisboa)
9 Maio 21.30h Sala Polivalente da Biblioteca Municipal de Sintra (Casa Mantero)

IGNARA por fases...

# FAZER O TRABALHO DE CASA (disponível a partir de Abril 2008)
A primeira apresentação pública de IGNARA respiga material procedente de compêndios de história, documentos, ensaios, textos literários, notícias, entrevistas, acervos fotográficos, compondo uma espécie de antologia (necessariamente subjectiva) daquilo que consideramos «temas básicos e incontornáveis» sobre a Guerra Colonial, vista numa perspectiva de pós-memória, ou seja, o que, para nós, hoje, deve ser falado quando falamos de Guerra Colonial. A «desmemória», o (in)voluntário silêncio dos ex-combatentes, os mediáticos massacres de Wiriyamu (Moçambique) e de 15 de Março de 61 (Norte de Angola) e a visão e envolvimento das mulheres no conflito serão alguns dos temas em apreço.


# O LADO AFRICANO (disponível a partir de Setembro 2008)
Revisitam-se os três países africanos- Angola, Guiné e Moçambique- onde eclodiram os diversos movimentos independentistas que se sublevaram contra o Estado Novo de Salazar e Caetano. Esta segunda apresentação pretende apresentar um retrato mais fiel dos africanos (e suas razões) que o regime fazia passar, muitas vezes (não ingenuamente), por singelos «terroristas». Recorre-se, novamente, à selecção de material de procedências diversas, nomeadamente a alguns títulos ou autores (sob a forma de entrevistas) da também escassa historiografia contemporânea das ex-colónias.


# CONCLUSÃO (disponível a partir de Dezembro 2008)
Do cruzamento do resultado destas duas apresentações (e discussão – em sede de Fórum de IGNARA#GUERRA COLONIAL- daí decorrente) resultará uma conclusão acerca das razões por que somos ignaros da guerra colonial (talvez que, mercê dessa socrática assunção, possa surgir o princípio do seu oposto: sermos cidadãos mais esclarecidos de um País reconciliado com o seu passado).

Esta terceira e última apresentação consistirá na leitura de uma comunicação do Fórum de IGNARA# GUERRA COLONIAL.

Ficha Artística e Técnica
Direcção, interpretação e dramaturgia Filipe Araújo, Paulo Campos dos Reis, Susana Gaspar Apoio ao movimento Diana Alves Produção executiva Pedro Alves Grafismo Alex Gozblau Fotografia António Rodrigues Produção teatromosca Co-produção Centro Cultural Olga Cadaval, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Núcleo de Sintra da Associação dos Deficientes das Forças Armadas

IGNARA#GUERRA COLONIAL

A Guerra Colonial portuguesa é, hoje, 34 anos depois da Revolução de Abril que lhe pôs termo, um tema enguiçado.

Historiadores, sociólogos, ensaístas, professores universitários, jornalistas, ex-combatentes, filhos de ex-combatentes são unânimes em considerar que, por diversos factores- entre os quais a paupérrima edição de estudos de história colonial portuguesa, a insipiência dos programas curriculares escolares, ou a simples ausência de mediatização do tema (salvo raríssimas excepções)-, a memória colectiva desse conflito dissolveu-se, depois de Abril, nas brumas de um esquecimento inadmissível.

Dissipar esse nevoeiro, que vem impedindo os portugueses de se conhecerem a si próprios (a sua história familiar, a do seu País) e aos africanos (que, definitivamente, precisamos «estranhar menos»), eis o fito de IGNARA#GUERRA COLONIAL.

Através de um «teatro documental» (não exclusivamente subsidiário, mas que procura filiação nos laboratórios de Erwin Piscator- e o «Teatro Político»-, Bertolt Brech- e o «Verfremdungseffekt»-, ou, mais recentemente, de Moisés Kaufman- e sua teoria da «cópula entre forma e conteúdo»), o teatromosca (cujos elementos constituintes são, justamente, filhos de ex-combatentes) procura, colocando-se numa posição absolutamente apartidária (não apolítica, todavia), apresentar este delicado e controverso «trabalho de casa».

Acompanha e enforma este projecto aquilo a que designamos como FÓRUM IGNARA#GUERRA COLONIAL, que compreende o encontro de diversos parceiros/indivíduos, comprometidos com a pesquisa, análise, discussão, criação e apresentação de conteúdos artísticos afins ao tema aduzido (com edição de resultados on-line, já a funcionar no endereço electrónico http://projectoignara.blogspot.com/).

Se houvesse que estabelecer aquilo a que genericamente se designa «público alvo» com relação às diversas apresentações de IGNARA#GUERRA COLONIAL, seria fácil fazê-lo: todos os portugueses- e serão quase todos- que, ainda hoje, possuem uma ligação vívida e ignara com a guerra colonial.

teatromosca